Região de Piracicaba registra aumento de tuberculose e pessoas em situação de rua são mais afetadas, diz médico
Abandono do tratamento e mais pessoas em situação de rua ou que são dependentes químicas contribuem para aumento de casos, informou o médico infectologista...

Abandono do tratamento e mais pessoas em situação de rua ou que são dependentes químicas contribuem para aumento de casos, informou o médico infectologista Tufi Chalita. Pessoa em situação de rua durante inverno em SP RONALDO SILVA/Ato Press/Estadão Conteúdo A região de Piracicaba registrou aumento de 26% nos atendimentos ambulatoriais para casos de tuberculose e crescimento de 28% no casos que precisaram de hospitalização, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES). Em 2024, foram 133 atendimentos ambulatoriais e 108 atendimentos hospitalares a pacientes diagnosticados com tuberculose nas cidades do Departamento Regional de Saúde (DRS) de Piracicaba. No mesmo período de 2023, foram registrados 105 casos ambulatoriais e 84 que precisaram de hospitalização na região. O atendimento ambulatorial é indicado para casos mais simples, já o hospitalar inclui internação e tratamentos mais complexos. Receba no WhatsApp notícias da região de Piracicaba Doença socialmente determinada A tuberculose é uma doença fortemente ligada a determinantes sociais, como pobreza e exclusão social. Não à toa, as pessoas em situação de rua ou que são dependentes químicas são as mais afetadas, informou o médico infectologista Tufi Chalita. “Observo o aumento de internação de pacientes em situação de rua e, normalmente, essas pessoas são muito vulneráveis, vivem em grupo e, muitas vezes, com dependência química [...] Eles estão expostos a intemperes, como chuva, frio, calor, tudo. Não têm higiene, comem pouco e acabam desenvolvendo essas doenças, que são altamente transmissíveis em pessoas carentes de imunidade”, afirma o infectologista Tufi Chalita. Apesar da observação, a tuberculose não é restrita somente a esse grupo. Ela pode afetar qualquer pessoa e muitas vezes são pessoas que estão ligadas a esse grupo inicial, afirmou o médico. “Quando ela [pessoa com tuberculose] é recolhida para dentro de casa, para ser alimentada e tentar se recuperar, muitas vezes os familiares desconhecem que elas são tuberculosas, e têm uma convivência próxima. Nesses casos, a doença passa para a família, que não é composta por pessoas em situação de rua ou dependentes químicos, mas que faz com que aquilo vá crescendo exponencialmente", explica o infectologista. O médico reforça que, para conter o avanço da doença, é preciso tomar medidas amplas que combatem as desigualdades sociais que favorecem a proliferação da doença. O que explica a alta A alta dos casos de tuberculose é decorrente do abandono do tratamento e pelo aumento de pessoas em situação de rua ou que são dependentes químicas, informou o médico infectologista Tufi Chalita. "Tratar a tuberculose é muito fácil, tratar do tuberculoso que é muito difícil", afirma o médico ao explicar que é preciso fazer o acompanhamento com o paciente por meses e, muitas vezes, busca ativa das pessoas com tuberculose. O que é tuberculose A tuberculose é uma doença causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis. Ela é transmitida pelo ar, ou seja, quando uma pessoa infectada fala, tosse ou espirra gotas contendo bactérias. A doença afeta os pulmões, na maioria das vezes, mas pode acometer outras partes do corpo, como o sistema nervoso central, ossos, rins etc. A tuberculose pode se instalar nos gânglios, rins, olhos, ossos, mas é mais comum nos pulmões JN Cura A tuberculose tem cura. O tratamento e os medicamentos são gratuitos pelo SUS, mas o infectologista alerta para o tempo de tratamento. “Essa bactéria, ela requer um tratamento de longo prazo. O tratamento é, no mínimo, de seis meses. Tem casos que precisam de um ano, um ano e meio de tratamento", afirma. Vacina A vacina BCG é indicada para prevenir as formas graves de tuberculose. Ela é uma das primeiras vacinas que os bebês tomam e está disponível no SUS. Vacina BCG Divulgação/Semsa VÍDEOS: Tudo sobre Piracicaba e região Veja mais notícias da região no g1 Piracicaba